Banco Mundial confirma doação e cooperação em projeto de segurança hídrica do governo
O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Programas Estratégicos (SEDEPE), poderá firmar uma operação de crédito internacional com o Banco Mundial, estimada em US$ 100 milhões, com foco em segurança hídrica e sustentabilidade do Rio Itapecuru. A iniciativa integra o Programa Multifásico de Agricultura (MPA) da instituição financeira, voltado à transformação do sistema agroalimentar brasileiro e à redução da pobreza rural.
Segundo Antonio Nunes, Assessor de Projetos e Relações Internacionais da SEDEPE, a elaboração do projeto da operação de crédito, resultará em uma Carta Consulta, que constitui o pleito formal a ser submetido à Comissão de Financiamentos Externos (COFIEX) do Ministério de Planejamento e Orçamento.
“Esse financiamento, da ordem de US$ 100 milhões, já tem o apoio técnico do Banco Mundial, que inclusive sinalizou com uma doação de US$ 100 mil para viabilizar os estudos iniciais coordenados pela SEDEPE”, explica Nunes. “O Banco também confirmou o custeio de uma consultoria que vai auxiliar na formatação do pleito de financiamento externo”, completa. Técnicos da instituição financeira estiveram reunidos, esta semana, por videoconferência, e confirmaram a vinda ao Maranhão em novembro.
O projeto tem como eixo central a preservação e manutenção da vazão do Rio Itapecuru, responsável por abastecer grande parte da população maranhense. Recentemente, a CAEMA anunciou racionamento de água em função da baixa no nível do rio, o que reforça a urgência das medidas.
“Nosso foco é garantir que o Itapecuru não esvazie”, destaca Nunes. “Essas ações terão efeitos diretos na agricultura familiar, com o fortalecimento da irrigação e também no projeto da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Bacabeira, que fica a apenas 800 metros do rio. A disponibilidade de água é fator decisivo, inclusive para atrair data centers, cuja operação depende fortemente desse recurso”, detalha.
A proposta, segundo o assessor, tem alcance transversal e integra desenvolvimento econômico, sustentabilidade ambiental e inclusão social. “Esse projeto vai atender ao desenvolvimento do estado em vários aspectos: do apoio às comunidades tradicionais à geração de emprego e renda, aprimorando as cadeias produtivas e os meios de produção locais”, afirma.
O cronograma técnico prevê que a carta-consulta seja submetida à COFIEX em janeiro de 2026, com expectativa de análise na primeira reunião do colegiado, em março do mesmo ano. A comissão se reúne de três a quatro vezes ao ano, com calendário previamente definido.
A superintendente de Mineração, Metalurgia, Petróleo e Gás da SEDEPE, Letícia do Carmo, explicou que o projeto integra uma estratégia nacional do Banco Mundial.
“Este programa (MPA) é uma abordagem multifásica voltada à transformação dos sistemas agroalimentares e à redução da pobreza rural. O Maranhão foi convidado a participar junto a outros estados que apresentarão projetos semelhantes”, destaca Letícia.
A execução envolverá uma rede institucional articulada. A SEDEPE atuará em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), responsável pelos estudos técnicos do Itapecuru, e com a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), que já desenvolve ações junto às populações ribeirinhas.
A iniciativa tem sido defendida desde o ano passado pelo secretário José Reinaldo Tavares, em artigos e em reuniões com investidores, exaltando a enorme riqueza hidrográfica do estado e a crise hídrica já enfrentada por outros estados brasileiros.